terça-feira, 29 de novembro de 2011

TIREOIDE

Distúrbios na tireoide podem causar problemas psiquiátricos

Os médicos encontram com frequência níveis anormais de hormônios da tireoide no sangue de pacientes com depressão, ansiedade e outros problemas psiquiátricos. Eles descobriram que o tratamento desse problema pode levar a melhoras na memória, na disposição e na cognição.
Agora, os pesquisadores estão verificando uma ligação um tanto controversa entre problemas de tireoide menores _ ou subclínicos _ e algumas dificuldades vivenciadas por doentes psiquiátricos. Após revisar a literatura sobre o hipotireoidismo subclínico (SCH) e a falta de ânimo, o Dr. Russell Joffe, psiquiatra do Sistema de Saúde Judaico da Costa Norte de Long Island, concluiu recentemente, junto a seus colegas, que o tratamento do SCH, que atinge cerca de 2 por cento dos norte-americanos, pode aliviar alguns sintomas de pacientes psiquiátricos e até mesmo prevenir problemas cognitivos futuros.

Pacientes com sintomas psiquiátricos, conta Joffe, "nos dizem que, quando tomam hormônios da tireoide, ficam melhores".

A tireoide, uma glândula de formato curvado que envolve a traqueia, produz dois hormônios: a tiroxina, ou T4, e a triiodotironina, conhecida como T3. Esses hormônios desempenham um papel em uma quantidade surpreendente de processos físicos, desde a regulação da temperatura corporal e dos batimentos cardíacos até o funcionamento cognitivo.

Muitos são os fatores que podem causar mau funcionamento da tireoide, incluindo exposição a radiação, muito ou pouco iodo na alimentação, medicamentos como o lítio e doenças autoimunes. Além disso, a incidência de doenças da tireoide aumenta com a idade. O excesso de hormônio tireoidiano (hipertireoidismo) acelera o metabolismo, causando sintomas como sudorese, palpitações, perda de peso e ansiedade. Muito pouco hormônio tireoidiano (hipotireoidismo) pode causar fadiga física, ganho de peso e lentidão, bem como depressão, incapacidade de concentração e problemas de memória.

"No início do século XX, as descrições mais acuradas da depressão clínica apareceram, na verdade, nos livros didáticos sobre distúrbios na tireoide, não em manuais de psiquiatria", disse Joffe.
Contudo, os médicos discordam há muito tempo sobre a natureza das relações entre sintomas psiquiátricos e problemas de tireoide.

"É como naquela história do ovo e da galinha", disse Jennifer Davis, professora assistente de psiquiatria e comportamento humano da Universidade Brown, em Providence, Rhode Island. "Existe um problema de tireoide subjacente que causa sintomas psiquiátricos ou é o contrário?", questiona ela.
De acordo com Davis, são comuns diagnósticos equivocados de doenças psiquiátricas em pessoas com problemas de tireoide.

Dez anos atrás, Leah Christian, hoje com 29 anos, tentou tomar antidepressivos contra a depressão e ansiedade. Não funcionou.

"Eu apenas continuei me sentindo para baixo", disse Christian, que trabalha como educadora infantil em São Francisco.

Alguns anos atrás, ainda tentando melhorar, ela pediu a seu médico para encaminhá-la a um terapeuta. Primeiro, o médico realizou exames de tireoide e descobriu que Christian tinha uma doença autoimune chamada Tireoidite de Hashimoto, uma das causas comuns de hipotireoidismo.

Assim, Christian tomou levotiroxina, uma reposição sintética de hormônios da tireoide. A depressão e a ansiedade desapareceram, conta ela: "No fim das contas, todos os meus sintomas estavam relacionados à tireoide".

Em certo sentido, ela teve sorte; era evidente que seus níveis hormonais estavam fora da faixa normal. Níveis "normais" de hormônios que estimulam a tireoide variam entre 0,4 a 5 (quanto maior o nível de TSH, menos ativa é a tireoide). A maioria dos endocrinologistas concorda que taxas de 10 ou mais requerem tratamento contra o hipotireoidismo.

Porém, para as pessoas com taxa de TSH entre, digamos, 4 e 10, as coisas ficam menos claras, especialmente para aqueles que vivenciam sintomas psiquiátricos vagos, como depressão, fadiga leve ou que simplesmente se sentem desconectados de si próprios.

Alguns médicos acreditam que esses pacientes devem ser tratados. "Se alguém tem um transtorno de hipotireoidismo subclínico e falta de ânimo, isso pode ser significativo", disse o Dr. Thomas Geracioti, professor de psiquiatria da faculdade de medicina da Universidade de Cincinnati.

Geracioti usou hormônios da tireoide para tratar artistas que sentiam um medo paralisante do palco; um músico de alto nível, disse o médico, conseguiu se recuperar totalmente.

A ideia de tratar o hipotireoidismo subclínico é controversa, especialmente entre os endocrinologistas. De acordo com Joffe, por um lado, o tratamento hormonal da tireoide pode sobrecarregar o coração e agravar a osteoporose em mulheres. Por outro lado, deixar de tratar a doença também pode prejudicar o coração. Alguns estudos sugerem que pode inclusive aumentar o risco da doença de Alzheimer e outras demências.

Além disso, há os problemas de ordem individual, que são difíceis de mensurar.

"As pessoas tendem a deixar de lado os problemas de qualidade de vida relacionados à depressão e à ansiedade", disse Joffe.

As mulheres são muito mais propensas a desenvolver problemas de tireoide que os homens, especialmente após os 50 anos. Alguns especialistas acreditam que o gênero tem a ver com alguma relutância em tratar a doença subclínica.
"Há um preconceito terrível contra as mulheres que se queixam de problemas emocionais", disse Davis. "Suas queixas tendem a ser deixadas de lado ou atribuídas ao estresse ou à ansiedade".

Os sintomas psiquiátricos podem ser vagos, sutis e bastante individuais, observou James Hennessey, diretor da clínica de endocrinologia do Centro Médico Beth Israel Deaconess, em Boston.

Outra complicação: não fica claro para muitos especialistas quais são os níveis realmente "normais" de hormônios da tireoide.

"Um paciente pode ter um TSH de nível 5, que muitos clínicos diriam não ser alto o suficiente para ser associado a sintomas", disse Hennessey. "Mas se o nível adequado para essa pessoa estiver em torno de 0,5, isso 5 representaria um nível de TSH dez vezes maior que o normal, o que pode muito bem representar uma patologia para o indivíduo em questão".
Em um estudo publicado em 2006, pesquisadores da província de Anhui, na China, utilizaram exames do cérebro para estudar pacientes com hipotireoidismo subclínico, antes e após o tratamento. Após seis meses de terapia com levotiroxina, eles conseguiram identificar melhoras expressivas tanto na memória quanto na execução de atividades.

Com recursos dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, Joffe e outros pesquisadores da Universidade de Boston iniciaram recentemente um experimento para tentar desvendar a relação entre o SCH e certos sintomas cognitivos e de falta de ânimo em pessoas com mais de 60 anos. Os resultados só virão à tona daqui a alguns anos. Mas alguns médicos nem estão esperando por eles.

"Pessoalmente, acredito que devemos experimentar administrar uma medicação contra distúrbios da tireoide em pacientes com TSH entre 5 e 10, especialmente nos que apresentam sintomas psiquiátricos", disse Hennessey.

The New York Times

sábado, 12 de novembro de 2011

Pneumonia

O que é Pneumonia?
Pneumonia é uma infecção que se instala nos pulmões, órgãos duplos localizados um de cada lado da caixa torácica. Pode acometer a região dos alvéolos pulmonares onde desembocam as ramificações terminais dos brônquios e, às vezes, os interstícios (espaço entre um alvéolo e outro).


Basicamente, pneumonias são provocadas pela penetração de um agente infeccioso ou irritante (bactérias, vírus, fungos e por reações alérgicas) no espaço alveolar, onde ocorre a troca gasosa. Esse local deve estar sempre muito limpo, livre de substâncias que possam impedir o contato do ar com o sangue.

Diferentes do vírus da gripe, que é altamente infectante, os agentes infecciosos da pneumonia não costumam ser transmitidos facilmente.
Sintomas de Pneumonia
Febre alta
Tosse
Dor no tórax
Alterações da pressão arterial
Confusão mental
Mal-estar generalizado
Falta de ar
Secreção de muco purulento de cor amarelada ou esverdeada
Toxemia (danos provocados pelas toxinas carregadas pelo sangue)
Prostração (fraqueza).
Fatores de risco
Fumo: provoca reação inflamatória que facilita a penetração de agentes infecciosos
Álcool: interfere no sistema imunológico e na capacidade de defesa do aparelho respiratório
Ar-condicionado: deixa o ar muito seco, facilitando a infecção por vírus e bactérias
Resfriados mal cuidados
Mudanças bruscas de temperatura.
Diagnóstico de Pneumonia


Exame clínico, auscultação dos pulmões e radiografias de tórax são recursos essenciais para o diagnóstico das pneumonias.
Tratamento de Pneumonia

O tratamento das pneumonias requer o uso de antibióticos e a melhora costuma ocorrer em três ou quatro dias. A internação hospitalar pode fazer-se necessária quando a pessoa é idosa, tem febre alta ou apresenta alterações clínicas decorrentes da própria pneumonia, tais como: comprometimento da função dos rins e da pressão arterial, dificuldade respiratória caracterizada pela baixa oxigenação do sangue porque o alvéolo está cheio de secreção e não funciona para a troca de gases.
Convivendo/ Prognóstico
Recomendações
Não fume e não beba exageradamente
Observe as instruções do fabricante para a manutenção do ar-condicionado em condições adequadas
Não se exponha a mudanças bruscas de temperatura
Procure atendimento médico para diagnóstico precoce de pneumonia, para diminuir a probabilidade de complicações.
Fontes e referências: Ministério da Saúde


sexta-feira, 4 de novembro de 2011

antibióticos e obesidade

Pesquisas indicam ligação entre antibióticos e obesidade

O uso excessivo de antibióticos tem levado à criação de bactérias resistentes aos medicamentos, conhecidas como superbactérias, tais como a Staphylococcus aureus, resistente à meticilina. Agora, porém, pesquisadores estão verificando uma possibilidade igualmente inquietante: o abuso de antibióticos também pode estar contribuindo para a crescente incidência de obesidade, bem como para alergias, doenças inflamatórias intestinais, asma e refluxo gastroesofágico.

O Dr. Martin Blaser, professor de microbiologia do Centro Médico Langone, na Universidade de Nova York, é um dos que estão chamando atenção para a possibilidade. Em um comentário publicado em agosto na revista Nature, ele afirmou que os antibióticos alteram permanentemente a flora microbiana do corpo humano, também conhecida como microbioma ou microbiota, acarretando consequências imprevistas e graves para a saúde.

O intestino humano, em particular, abriga bilhões de bactérias, mas pouco se sabe sobre esse ecossistema oculto. Considere-se a bactéria Helicobacter pylori, por exemplo, associada ao aumento de risco de úlceras e câncer gástrico. Muitos médicos prescrevem prontamente antibióticos para matá-la, mesmo quando o paciente não tem sintomas.
Contudo, em 1998, em um artigo publicado no British Medical Journal, Blaser foi mais comedido. Na ocasião, argumentou que a H. pylori pode não ser um agente tão ruim, no fim das contas. "Estamos falando de uma bactéria que integra o intestino humano há pelo menos 58 mil anos", disse Blaser em uma entrevista. "Provavelmente existe uma razão para isso".

Seu laboratório, desde então, produziu um fluxo de resultados que sustentam sua suspeita. Blaser e seus colegas descobriram, por exemplo, que o estômago se comporta de maneira diferente após a utilização de antibióticos para a erradicação da H. pylori.

Supõe-se que, após uma refeição, os níveis de grelina _ um hormônio da fome secretado no estômago _ diminuam. Mas, na pesquisa em indivíduos sem H. pylori, a quantidade de grelina no sangue se manteve, indicando ao cérebro que se continue comendo.

Além disso, os ratos do laboratório de Blaser tomaram antibióticos em doses semelhantes às dadas a crianças para tratar infecções de ouvido e de garganta, suficientes para matar a H. pylori em muitos pacientes. Foi registrado aumento da gordura corporal nos animais, embora sua dieta não tenha sido alterada. (Na verdade, há muito tempo os pecuaristas dão antibióticos ao gado para promover ganho de peso sem aumentar a ingestão calórica).


Estes resultados são consoantes com a pesquisa conduzida atualmente por Peter Turnbaugh, geneticista da Universidade Harvard, em colaboração com o Dr. Jeffrey Gordon, gastroenterologista da Universidade de Washington, em St. Louis. Eles descobriram que a proporção de diferentes tipos de bactérias no intestino de ratos obesos e humanos obesos é significativamente diferente da dos magros, sugerindo que alterar o equilíbrio microbiano do estômago com antibióticos pode tornar os pacientes mais suscetíveis a ganhar peso.

O uso excessivo de antibióticos também pode ser a raiz de outros problemas de saúde. Yu Chen, epidemiologista da Universidade de Nova York, encontrou uma correlação inversa entre a infecção por H. pylori e a asma infantil, a rinite e alergias dermatológicas em 7600 participantes da Pesquisa Nacional em Saúde e Nutrição, nos Estados Unidos.

Pesquisas de observação têm demonstrado que, na verdade, a eliminação da H. pylori aumenta o risco de refluxo gástrico, que é em si associado à asma, bem como de doenças de esôfago. Pesquisadores na Suíça e na Alemanha relataram que camundongos que receberam H. pylori se tornam na verdade protegidos contra a asma.
O Dr. Barry Marshall, professor de biologia clínica da Universidade da Austrália Ocidental, em Perth, agraciado com o Prêmio Nobel de Medicina em 2005 por sua participação na descoberta da H. pylori e seu papel na gastrite e úlcera péptica, teve uma reação mais discreta.

"Eu nunca matei ninguém por receitar antibióticos para a H. pylori, mas pessoas morreram por não tomar antibióticos para se livrar dela", disse ele.

Os pacientes cuja flora interna se encontra dizimada por antibióticos tendem a readquirir as bactérias ao longo do tempo, principalmente se a pessoa reside com outras, disse Marshall.

No entanto, ele concorda com a Blaser a respeito de que os antibióticos têm sido administrados em excesso. Marshall disse que até mesmo prevê o dia em que uma cepa desintoxicada da H. pylori possa ser utilizada como tratamento para doenças como a obesidade e a asma.


Porém, o aumento no uso de antibióticos pode estar causando danos que vão muito além dos que resultam da perda da H. pylori.

"Até agora, nos concentramos na H. pylori porque temos testes de diagnóstico para detectá-la, mas poderíamos dizer que a H. pylori é um organismo que indica um provável processo de desaparecimento de uma ampla microbiota, o que aumenta o risco de doenças", afirmou Blaser.
Os Institutos Nacionais de Saúde também estão preocupados, tanto que investiram US$ 6,5 milhões na pesquisa de Blaser durante o ano passado, a fim de investigar o papel do desaparecimento de microbiotas na atual epidemia de obesidade. Além disso, destinaram US$ 115 milhões em 2008 ao financiamento do Projeto Microbioma Humano, que se propõe a identificar micróbios que residem na pele e no interior de organismos humanos saudáveis.

"Podemos pensar nessa iniciativa como o segundo projeto do genoma humano, no qual faremos o sequenciamento dos genes da enorme diversidade de bactérias que povoa nosso corpo", disse Julie Segre, pesquisadora sênior do Instituto de Pesquisa do Genoma Humano dos Institutos Nacionais de Saúde. "Vamos recolher amostras de 200 voluntários saudáveis para ter uma ideia do que é uma microbiota normal e saudável".

Trata-se de um projeto ambicioso, dado que as bactérias do corpo superam as células humanas em uma relação de 10 para 1. Porém, os pesquisadores envolvidos dizem que os avanços na tecnologia de sequenciamento de DNA fizeram com que a iniciativa se tornasse viável. Até o momento, o projeto foca apenas nos micróbios que residem sobre a pele e nas áreas do nariz, da boca, do intestino e na genitália.

O Dr. David Relman, professor de microbiologia e imunologia da Universidade de Stanford, disse que o Projeto Microbioma Humano é importante porque não são apenas os antibióticos que estão alterando a microbiota humana: "Muitos aspectos da vida moderna, incluindo a alimentação, famílias menores, mais práticas de higiene e melhorias no saneamento público, estão afetando nossas comunidades bacterianas".

Obter um retrato genético das bactérias que povoam os seres humanos hoje seria fornecer um referencial para acompanhar problemas futuros, assim como transtornos decorrentes deles.

"Precisamos entender como nossas comunidades microbianas operam, além de identificar o que dar a elas para que possam florescer novamente", disse Relman. "É instigante e totalmente possível que no futuro tenhamos um coquetel de cepas e espécies de bactérias para reparar os danos colaterais que os antibióticos e outras práticas têm desencadeado na ecologia do nosso organismo".

As ideias de Blaser nem sempre foram populares, mas ele se sente satisfeito com o interesse crescente pelo microbioma humano e suas relações com a saúde.

"Sei que agora estou fazendo o trabalho mais importante da minha carreira", disse ele.

The New York Times News Service/Syndicate

HPV

 HPV  pode causar doenças cardíacas em mulheres, relata estudo


Um novo estudo sugere que um vírus sexualmente transmissível comum e associado ao câncer pode causar também doenças cardiovasculares.

Para as mulheres infectadas pelo papilomavírus humano, ou HPV, a probabilidade de ter tido um ataque do coração ou derrame é de duas a três vezes maior do que para as que não possuem o vírus, de acordo com relatório publicado na segunda-feira passada na revista The Journal of the American College of Cardiology.

O HPV é conhecido por causar câncer de colo uterino, vulva, pênis, garganta e ânus. O novo estudo, porém, foi o primeiro a associá-lo a doenças cardíacas. As descobertas sobre o coração ainda não são definitivas: elas demonstram que o vírus pode estar associado à cardiopatia, mas não provam que ele seja o causador da doença.

O doutor Kenichi Fujise, autor principal do estudo e cardiologista do departamento médico da Universidade do Texas, em Galveston, afirmou que a pesquisa originou-se do empenho dele em descobrir por que algumas pessoas têm ataques do coração mesmo não possuindo fatores de risco frequentes, como colesterol e pressão arterial altos.


Aproximadamente 20 por cento dos pacientes com doenças cardíacas não possuem fatores de risco evidentes. Segundo os pesquisadores, elas devem possuir problemas ocultos que ainda não foram descobertos.

Fujise decidiu estudar o HPV por ele conseguir danificar o gene supressor de tumor p53, que geralmente protege o corpo contra o câncer e também pode ajudar a prevenir doenças arteriais. A inativação do p53 ocorre em uma variedade de tipos de câncer e o gene é considerado um tipo de guardião de genoma. A inativação do p53 também pode gerar inflamação e o espessamento das paredes arteriais.

O HPV é a infecção sexualmente transmissível mais comum nos Estados Unidos. Os cientistas estimam que metade dos homens e das mulheres sexualmente ativos foram infectados e 80 por cento das mulheres contraíram o vírus até a idade de 50 anos. Existem várias cepas do vírus, mas somente algumas causam câncer. Na maioria dos casos, o sistema imunológico da pessoa combate o vírus. A infecção persiste, causando o câncer, somente para uma pequena minoria. Há duas vacinas aprovadas que previnem a infecção por HPV.
Elas são recomendadas aos jovens antes que de se tornarem sexualmente ativos. A vacina não exerce efeito em pessoas que já estão infectadas.



Fujise estudou 2.450 mulheres, com idades entre 20 e 59 anos, que participaram de uma pesquisa nacional de saúde de 2003 a 2006. Foram retiradas células do colo uterino das mulheres para realização do teste de HPV. Elas relataram se sofriam de doenças cardíacas, o que foi definido neste estudo como nunca ter sofrido um ataque cardíaco ou derrame.

Um total de 1.141 mulheres tinham o HPV. Entre as 60 que sofriam de doenças cardíacas, 39 tinham o HPV. Os pesquisadores analisaram os dados e consideraram fatores relevantes para doenças cardíacas como fumo, pressão arterial e peso corporal. Eles descobriram que a probabilidade de as mulheres com HPV sofrerem de cardiopatia era 2,3 vezes maior do que para as mulheres sem o vírus. O risco aumentava para 2,86 vezes para as mulheres que haviam contraído a cepa do vírus causadora de câncer.

Fujise afirmou ter se surpreendido com os resultados. ''Eu acreditava na possibilidade de haver um elo fraco ou nenhum elo, mas este é forte’', afirmou.

HPV no Pênis
Mesmo que outros estudos confirmem esta associação, a grande maioria das pessoas que contraem o HPV não estariam sob risco particular de contrair doenças cardíacas. Segundo Fujise, se a associação existir de verdade, a cardiopatia, da mesma forma que o câncer, provavelmente se desenvolve apenas nas pessoas com infecção persistente pelo vírus.

A doutora Lori Mosca, diretor de cardiologia preventiva do Hospital Presbiteriano de Nova York e Centro Médico da Universidade Columbia, afirmou estar ''definitivamente intrigada com a descoberta’'. O argumento biológico é bastante plausível e merece mais investigações’'. A pesquisadora não participou do estudo. Contudo, a ênfase na plausibilidade não é suficiente – a história da medicina está repleta de ideias que fazem sentido, mas se revelaram incorretas. O tipo de estudo que Fujise realizou, no qual cientistas procuram por associações em uma grande quantidade de dados, contribui com o desenvolvimento de ideias para outras pesquisas, mas não estabelece uma relação entre causa e efeito.

O fato de existir uma associação não confirma nem mesmo qual das condições surgiu primeiro. Teoricamente, a doença cardíaca pode ter surgido antes e tornado as mulheres mais vulneráveis ao HPV. Ou ainda pode haver fatores desconhecidos que predispõem algumas mulheres ao HPV e à doença cardíaca.

''Precisamos proceder com cautela’', afirmou Mosca. ''Precisamos realizar pesquisas mais rigorosas que respondam à questão de forma definitiva’'.

Segundo Mosca, muitos pesquisadores vêm estudando possíveis associações entre o câncer, doenças infecciosas e cardíacas. Até agora, porém, não houve comprovação de que as infecções causam cardiopatia, afirma.

Segundo ela, o trabalho de Fujise ''possui potencial, caso seja bem sucedido, de oferecer mais informações ao público sobre os benefícios potenciais da vacinação contra o HPV’', afirma. Porém, ela acrescentou que a descoberta é muito preliminar para ser usada como evidência em favor da vacinação.

Fonte: msn
The New York Times News Service/Syndicate - 27/10/2011 21:03

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

AIDS

Do chimpanzé para o homem: os caminhos da Aids


Nossa história começa ao redor de 1921, em algum lugar entre o rio Sanaga, em Camarões, e o rio Congo, no antigo Congo Belga. Ela envolve chimpanzés e macacos, caçadores e açougueiros, "mulheres livres" e prostitutas, seringas e vendedores de plasma, legisladores coloniais malvados e médicos coloniais decentes com as melhores intenções. E um vírus que, apesar dos obstáculos, conseguiu ser transmitido de um símio na selva da África central para um burocrata haitiano que ia do Zaire para o seu país natal, e depois para algumas dezenas de homens que frequentavam bares gays, antes mesmo de ser notado _ cerca de 60 anos após o início de sua jornada.

A maioria dos livros sobre Aids começou a ser publicada em 1981, quando homens gays americanos começaram a morrer em decorrência de uma pneumonia rara. Em "The Origins of AIDS", publicado recentemente pela Cambridge University Press, o Dr. Jacques Pepin, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Sherbrooke, em Quebec, realiza um feito memorável.

Pepin passa uma peneira na enxurrada de artigos científicos sobre Aids, acrescenta sua própria experiência em epidemiologia, suas próprias observações do tratamento de pacientes num hospital, seus estudos do sangue de anciãos africanos, e anos de investigação nos arquivos das potências coloniais europeias. Ele também desenvolve o caminho mais provável percorrido pelo vírus durante os anos em que quase não deixou rastros.

Trabalhando com dados a partir de 1900, ele explica como as políticas coloniais da Bélgica e da França levaram a um evento incrivelmente improvável: um frágil vírus que infectou uma pequena minoria dos chimpanzés entrou no sangue de alguns caçadores. Um deles colocou o vírus numa cadeia de "amplificadores" _ campanhas de erradicação de doenças, bairros da luz vermelha, um centro de plasma haitiano e o turismo sexual gay. Sem esses amplificadores, o vírus não se tornaria o que é hoje: um peregrino sombrio no alto de uma montanha de 62 milhões de vítimas, mortas e vivas.

No começo da década de 1980, Pepin era um médico jovem que combatia uma epidemia de doença do sono num hospital em Nioki, no que antes se conhecia por Congo Belga, depois Zaire, e que hoje é a República Democrática do Congo. O vírus na época era desconhecido na África, mas seu trabalho lhe deu dicas que mais tarde o ajudariam a rastreá-lo.

Em 2005, Pepin iniciou estudos de campo. Ao coletar amostras de sangue de africanos de 55 anos ou mais, ele mostrou que aqueles que tinham recebido muitas injeções na juventude ou tinham passado por um ritual de circuncisão, no qual muitos garotos eram cortados com a mesma lâmina, muitas vezes tinham anticorpos para hepatite C ou HTLV, um vírus pouco conhecido que, assim como o HIV-1, vem dos chimpanzés e infecta as células CD4 do sistema imunológico, mas não é prejudicial. Essa era uma evidência de que o sangue e a seringa espalham outros vírus.

Amostras de sangue e tecido armazenadas em congeladores em hospitais africanos e europeus que tratam de africanos _ algumas datando da década de 1950 _ formam um mapa dos subtipos virais da Aids, que é surpreendentemente complexo. Por exemplo, sul-africanos brancos e negros possuem subtipos diferentes. "Poucos homossexuais africâneres fazem sexo com zulus heterossexuais", nota Pepin. O subtipo dos brancos é mais comum entre gays europeus e homens americanos; o subtipo mais comum entre os negros veio através do Zâmbia.

O vírus símio de imunodeficiência, que infecta macacos, é mapeado de forma similar; ele foi encontrado pela primeira vez em zoológicos, mas hoje é monitorado por equipes em selvas que extraem DNA de fezes.

O ancestral da Aids está em uma subespécie de chimpanzé, "Pan troglodytes", que naturalmente vive apenas entre os rios Sanaga e Congo (os chimpanzés não sabem nadar). É uma mistura de vírus símios de mangabeys e guenons de bigode, pequenos macacos que os chimpanzés caçam e comem.

Em arquivos coloniais em Paris, Marselha, Bruxelas, Lisboa e Londres, Pepin investigou antigos registros de clínicas onde, a partir de 1909, prostitutas africanas deveriam comparecer para inspeções de doenças venéreas. Ele pesquisou em pilhas de jornas, como o Voix du Congolais, que escreveu extensivamente sobre poligamia e prostituição, e se debruçou sobre estudos de etnógrafos europeus (seu francês fluente foi crucial, obviamente).

Em resumo, seu relato da jornada épica é este:

Na natureza, apenas 6 por cento dos chimpanzés trogloditas são infectados. Dentro de um grupo, cada fêmea acasala com muitos machos, mas o acasalamento com animais de fora é raro. Assim, a maioria dos grupos fica intocada, enquanto alguns estão fortemente infectados.

Os quatro grupos genéticos do HIV-1, M, N, O e P, mostram que o salto do chimpanzé para o homem aconteceu pelo menos quatro vezes na história. Mas o grupo M corresponde a mais de 99 por cento de todos os casos.

Por que apenas um se espalhou?

Datações moleculares mostram que o M chegou até os humanos em algum momento ao redor de 1921. Os chimpanzés são grandes e ágeis demais para serem caçados sem armas de fogo, que até o século 20 estavam quase inteiramente nas mãos dos brancos.

Usando dados dos censos nas colônias, pesquisas sobre como os caçadores modernos abatem animais, e índices de infecção entre enfermeiras picadas por agulhas sujas, Pepin calcula que, no começo do século 20, pode ter havido contato de sangue com sangue entre, no máximo, 1.350 caçadores e chimpanzés trogloditas. Apenas 6 por cento dos chimpanzés _ cerca de 80 _ poderiam estar infectados, e menos de 4 por cento dos caçadores feridos provavelmente poderiam ter se infectado. Isso sugeriria apenas 3 caçadores infectados, no máximo.

Devido à ineficiência da maioria dos contágios sexuais _ em alguns casos, marido e mulher podem fazer sexo por meses sem a transmissão _, apenas o sexo não permitiria que os três caçadores, ou mesmo uma dezena, passassem seu vírus para os milhões de pessoas, ele argumenta. Deve ter havido um amplificador.

Estudos com viciados em heroína _ ele cita exemplos da Itália, Nova York, Edimburgo e Bangcoc _ mostram que o contagio pelo sangue é dez vezes mais eficiente que o sexual.

Na década de 1920, seringas de vidro produzidas por máquinas substituíram as caras seringas produzidas manualmente, e os belgas e franceses atacaram muitas doenças em suas colônias, tanto por paternalismo quanto para criar imunidade em massa para proteger os bancos. Os pacientes podiam receber até 300 injeções ao longo da vida. Outras doenças se espalharam dessa forma; uma campanha contra a esquistossomose no Egito terminou em 1980 depois de transmitir hepatite C a mais da metade de seus "beneficiários".

Assim, a infecção do grupo M de um caçador pode ter se transformado em dezenas. Aí o foco de Pepin se desloca para as cidades irmãs de lados distintos do Congo: Leopoldville (hoje Kinshasa) no lado belga, Brazzaville no lado francês.

Elas são um berço epidêmico; a diversidade viral é maior nesses lugares. Além disso, a primeira amostra de sangue positiva foi encontrada ali, em 1959.

Na década de 1960, tudo mudou. A Segunda Guerra tinha inchado as duas cidades, que forneciam matéria-prima que os aliados perderam quando o Japão conquistou colônias asiáticas. Então, quando os brancos fugiram do caos da independência, a economia entrou em colapso. A pobreza era gritante.

Dezenas de bares-bordéis chamados "flamingos" se espalharam, a concorrência obrigou mulheres desesperadas a fazer sexo com até mil clientes por ano, e o tratamento de doenças venéreas secou. Deve ter havido uma explosão viral como aquela ocorrida 20 anos mais tarde num estudo envolvendo um grupo de prostitutas em Nairóbi: em 1981, 5 por cento delas tinham o vírus; três anos depois, eram 82 por cento.

O próximo elo da cadeia foi o Haiti. Como os belgas brancos jamais treinaram uma elite africana, apenas cerca de 30 por cento dos congoleses não pertencentes ao clero tinham diploma universitário na época da independência.

Para preencher essa lacuna, as Nações Unidas contrataram burocratas e professores de fora. Cerca de 4.500 haitianos atenderam ao chamado; eles eram negros, instruídos, falavam francês e estavam dispostos a ganhar mais em seu país.

Agora os cálculos de Pepin ficam um pouco mais especulativos.

O grupo M do HIV-1, por sua vez, se dividiu em subgrupos de A a K. A epidemia do Haiti, como a da América do Norte e da Europa Ocidental, é quase toda do subgrupo B. Mas esse subgrupo é tão raro na África central que causa menos de 1 por cento dos casos.

Isso sugere que a Aids tenha cruzado o Atlântico com apenas um haitiano. Datações moleculares indicam que ela chegou ao Haiti aproximadamente em 1966.

Mais uma vez, Pepin argumenta que a rápida expansão apenas através do sexo é matematicamente impossível e que deve ter havido um amplificador. Ele acredita que o culpado foi um centro de plasma de Porto Príncipe chamado Hemo-Caribbean, que operou apenas de 1971 a 1972 e era conhecido por seus baixos padrões de higiene.

Os centros de plasma pegam o sangue, o fazem girar e devolvem as células vermelhas. Se um novo tubo não for usado para cada paciente, a infecção se espalha. Operações negligentes em centros de plasma causaram surtos de HIV no México, na Espanha e na Índia e, mais notavelmente, na China rural, onde 250 mil pessoas foram infectadas.

Um dos donos da Hemo-Caribbean era Luckner Cambronne, líder da temida polícia secreta Tontons Macoutes. Apelidado de "Vampiro do Caribe", Cambronne, que morreu no ano 2000, coletava o sangue de 6 mil pessoas que recebiam 3 dólares por dia, e exportava 6.057 litros de plasma para os Estados Unidos todo mês, segundo um artigo do The New York Times.

O Haiti também foi um grande destino do turismo gay para americanos. O guia de viagem Spartacus descrevia os valores que os jovens de lá esperavam receber. No começo dos 1980, o subgrupo B matava homossexuais americanos e hemofílicos, sugerindo que a doença chegou por ambas as rotas. E aí começou a história moderna da Aids.
1/11/2011 23:05
Fonte: msn - The New York Times