sábado, 16 de março de 2013

EXAME DE SANGUE

 HEMOGRAMA | Entenda os seus resultados.
O hemograma é uma das análises de sangue mais úteis e mais solicitadas na prática médica. Apesar de extremamente comum, esse é um exame que ainda causa muita confusão na população e até nos meios de comunicação. Algumas pessoas acham que todo exame de sangue é um hemograma, como se ambos termos fossem sinônimos. Isto é um equívoco.

O exame de sangue não funciona como o antivírus do seu computador que faz automaticamente um rastreamento em toda a máquina à procura de algo errado. Quando o médico solicita uma coleta de sangue, ele precisa dizer para o laboratório o que pretende que seja analisado nesta amostra. No nosso sangue circulam várias substâncias que podem ser dosadas ou pesquisadas, como proteínas, anticorpos, células, eletrólitos (potássio, sódio, cálcio, magnésio, etc.), colesterol, hormônios, drogas e até bactérias ou vírus em casos de infecção.

Se o médico quiser saber como andam os níveis de colesterol, ele precisa escrever no pedido que deseja uma dosagem do colesterol; se o objetivo for saber se a glicose do sangue anda controlada, solicita-se a dosagem da glicose sanguínea. O hemograma é solicitado quando o objetivo é ter informações sobre as células do sangue, nomeadamente, leucócitos, plaquetas e hemácias. Portanto, em um hemograma não é possível obter dados sobre o nível de colesterol, taxa de glicose, pesquisa de bactérias, pesquisa de drogas, teste para HIV, etc.

Neste texto vamos explicar que tipos de informações o exame de hemograma pode nos trazer.
Após a leitura deste artigo, não deixe de ler também nossos outros textos sobre exames laboratoriais:

- CHECK-UP | EXAMES DE SANGUE
- EXAMES DE SANGUE | VHS, PCR, LDH, Ferritina e CK
- COLESTEROL BOM (HDL) | COLESTEROL RUIM (LDL) | TRIGLICERÍDEOS
- CREATININA e URÉIA
- O QUE SIGNIFICA AST (TGO) E ALT (TGP)?
- ENTENDA SEU EXAME DE URINA

Hemograma

No nosso sangue circulam três tipos básicos de células, todas produzidas na medula óssea. São estas células que estudamos através do hemograma:

- Hemácias (glóbulos vermelhos)
- Leucócitos (glóbulos brancos)
- Plaquetas

Os atuais valores de referência do hemograma foram estabelecidos na década de 1960 após observação de vários indivíduos sem doenças. O que é considerado normal é na verdade os valores que ocorrem em 95% da população sadia. 5% das pessoas sem problemas médicos podem ter valores do hemograma fora da faixa de referência (2,5% um pouco abaixo e outros 2,5% um pouco acima). Portanto, pequenas variações para mais ou para menos, não necessariamente indicam alguma doença. Obviamente, quanto mais afastado um resultado se encontra do valor de referência, maior a chance disto verdadeiramente representar alguma patologia.

Não vou me ater muito em valores específico uma vez que os laboratórios atualmente fazem essa contagem automaticamente através de máquinas, e os valores de referência sempre vêm impressos nos resultados. Cada laboratório tem o seu valor de referência próprio, e em geral, são todos muito semelhantes.

A- ERITROGRAMA

O eritrograma é a primeira parte do hemograma. É o estudo dos glóbulos vermelhos, ou seja, das hemácias, também chamadas de eritrócitos.

Vejam esse exemplo fictício abaixo. Lembre-se que os valores de referência podem variar entre laboratórios.

Hemograma completo

Os três primeiros dados, contagem de hemácias, hemoglobina e hematócrito, são analisados em conjunto. Quando estão reduzidos, indicam anemia (leia: O QUE É ANEMIA ?), isto é, baixo número de glóbulos vermelhos no sangue. Quando estão elevados indicam policitemia, que é o excesso de hemácias circulantes.

O hematócrito é o percentual do sangue que é ocupado pelas hemácias. Um hematócrito de 45% significa que 45% do sangue é compostos por hemácias. Os outros 55% são basicamente água e todas as outras substâncias diluídas. Pode-se notar, portanto, que praticamente metade do sangue é na verdade composto por células vermelhas.

Se por um lado, a falta de hemácias prejudica o transporte de oxigênio, por outro, células vermelhas em excesso deixam o sangue muito espesso, atrapalhando seu fluxo e favorecendo a formação de coágulos.

A hemoglobina é uma molécula que fica dentro da hemácia. É a responsável pelo transporte de oxigênio. Na prática, a dosagem de hemoglobina acaba sendo a mais precisa na avaliação de uma anemia.

O volume globular médio (VGM) ou volume corpuscular médio (VCM), mede o tamanho das hemácias. Um VCM elevado indica hemácias macrocíticas, ou seja, hemácias grandes. VCM reduzidos indicam hemácias microcíticas, ou de tamanhos diminuídos.

Esse dado ajuda a diferenciar os vários tipos de anemia. Por exemplo, anemias por carência de ácido fólico cursam com hemácias grandes, enquanto que anemias por falta de ferro se apresentam com hemácias pequenas (leia: ANEMIA FERROPRIVA | Carência de ferro). Existem também as anemias com hemácias de tamanho normal.

Alcoolismo é uma causa de VCM aumentado (macrocitose) sem anemia (leia: EFEITOS DO ÁLCOOL E ALCOOLISMO).

O CHCM (concentração de hemoglobina corpuscular média) ou CHGM (concentração de hemoglobina globular média) avalia a concentração de hemoglobina dentro da hemácia.

O HCM (hemoglobina corpuscular média) ou HGM (hemoglobina globular média) é o peso da hemoglobina dentro das hemácias.

Os dois valores indicam basicamente a mesma coisa, a quantidade de hemoglobina nas hemácias. Quando as hemácias têm poucas hemoglobinas, elas são ditas hipocrômicas. Quando têm muitas, são hipercrômicas.

Assim como o VCM , o HCM e o CHCM também são usados para diferenciar os vários tipos de anemia.

O RDW é um índice que avalia a diferença de tamanho entra as hemácias. Quando este está elevado significa que existem muitas hemácias de tamanhos diferentes circulando. Isso pode indicar hemácias com problemas na sua morfologia. É muito comum RDW elevado, por exemplo, na carência de ferro, onde a falta deste elemento impede a formação da hemoglobina normal, levando à formação de uma hemácia de tamanho reduzido.

Excetuando-se o hematócrito e a hemoglobina que são de fácil entendimento, os outros índices do eritrograma são mais complexos e pessoas sem formação médica dificilmente conseguirão interpretá-los de forma correta. É preciso conhecer bem todos os tipos de anemia para que esses dados possam ser úteis.

B- LEUCOGRAMA

O leucograma é a parte do hemograma que avalia os leucócitos. Estes são também conhecidos como série branca ou glóbulos brancos. São as células de defesa responsáveis por combater agentes invasores.

Os leucócitos são, na verdade, um grupo de diferentes células, com diferentes funções no sistema imune. Alguns leucócitos atacam diretamente o invasor, outros produzem anticorpos, outros apenas fazem a identificação e assim por diante.

O valor normal dos leucócitos varia entre 4000 e 11000 células por ml.

Existem cinco tipos de leucócitos, cada um com suas particularidades, a saber:

1) Neutrófilos

O neutrófilo é o tipo de leucócito mais comum. Representam em média de 45% a 75% dos leucócitos circulantes. Os neutrófilos são especializados no combate a bactérias. Quando há uma infecção bacteriana, a medula óssea aumenta a sua produção, fazendo com que sua concentração sanguínea se eleve. Portanto, quando temos um aumento do número de leucócitos totais, causado basicamente pela elevação dos neutrófilos, estamos provavelmente diante de um quadro infeccioso bacteriano.

Os neutrófilos tem um tempo de vida de aproximadamente 24-48 horas. Por isso, assim que o processo infeccioso é controlado, a medula reduz a produção de novas células e seu níveis sanguíneos retornam rapidamente aos valores basais.

Neutrofilia = é o termo usado quando há um aumento do número de neutrófilos.
Neutropenia = é o termo usado quando há uma redução do número de neutrófilos.

2) Segmentados ou bastões

Os segmentados ou bastões são os neutrófilos jovens. Quando estamos infectados, a medula óssea aumenta rapidamente a produção de leucócitos e acaba por lançar na corrente sanguínea neutrófilos jovens recém-produzidos. A infecção deve ser controlada rapidamente, por isso, não há tempo para esperar que essas células fiquem maduras antes de lançá-las ao combate. Em uma guerra o exército não manda só os seus soldados mais experientes, ele manda aqueles que estão disponíveis.

Normalmente, apenas 4 a 5% dos neutrófilos circulantes são bastões. A presença de um percentual maior de células jovens é uma dica de que possa haver um processo infeccioso em curso.

No meio médico, quando o hemograma apresenta muitos bastões chamamos este achado de "desvio à esquerda". Esta denominação deriva do fato dos laboratórios fazerem a listagem dos diferentes tipos de leucócitos colocando seus valores um ao lado do outro. Como os bastões costumam estar à esquerda na lista, quando há um aumento do seu número diz-se que há um desvio para a esquerda no hemograma. Portanto, se você ouvir o termo desvio à esquerda, significa apenas que há um aumento da produção de neutrófilos jovens.

3) Linfócitos

Os linfócitos são o segundo tipo mais comum de glóbulos brancos. Representam de 15 a 45% dos leucócitos no sangue.

Os linfócitos são as principais linhas de defesa contra infecções por vírus e contra o surgimento de tumores. São eles também os responsáveis pela produção dos anticorpos.

Quando temos um processo viral em curso, é comum que o número de linfócitos aumente, às vezes, ultrapassando o número de neutrófilos e tornando-se o tipo de leucócito mais presente na circulação.

Os linfócitos são as células que fazem o reconhecimento de organismos estranhos, iniciando o processo de ativação do sistema imune. Os linfócitos são, por exemplo, as células que iniciam o processo de rejeição nos transplantes de órgãos (leia: SAIBA COMO FUNCIONA O TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS).

Os linfócitos também são as células atacadas pelo vírus HIV. Este é um dos motivos da AIDS (SIDA) causar imunossupressão e levar a quadros de infecções oportunistas.

Linfocitose = é o termo usado quando há um aumento do número de linfócitos.
Linfopenia = é o termo usado quando há redução do número de linfócitos.

Obs: linfócitos atípicos são um grupo de linfócitos com morfologia diferente, que podem ser encontrados no sangue. Geralmente surgem nos quadros de infecções por vírus, como mononucleose, gripe, dengue, catapora, etc. Além das infecções, algumas drogas e doenças auto-imunes, como lúpus, artrite reumatoide e síndrome de Guillain-Barré, também podem estimular o aparecimento de linfócitos atípicos. Linfócitos atípicos não tem nada a ver com câncer.

4) Monócitos

Os monócitos normalmente representam de 3 a 10% dos leucócitos circulantes. São ativados tanto em processos virais quanto bacterianos. Quando um tecido está sendo invadido por algum germe o sistema imune encaminha os monócitos para o local infectado. Este se ativa, transformando-se em macrófago, uma célula capaz de "comer" micro-organismos invasores.

Os monócitos tipicamente se elevam nos casos de infecções, principalmente naquelas mais crônicas como a tuberculose (leia: SINTOMAS DE TUBERCULOSE).

5) Eosinófilos

Os eosinófilos são os leucócitos responsáveis pelo combate de parasitas e pelo mecanismo da alergia. Apenas 1 a 5% dos leucócitos circulantes são eosinófilos.

O aumento de eosinófilos ocorre em pessoas alérgicas, asmáticas ou em casos de infecção intestinal por parasitas.

Eosinofilia =  é o termo usado quando há aumento do número de eosinófilos
Eosinopenia = é o termo usado quando há redução do número de eosinófilos

6) Basófilos

Os basófilos são o tipo menos comum de leucócitos no sangue. Representam de 0 a 2% dos glóbulos brancos. Sua elevação normalmente ocorre em processos alérgicos e estados de inflamação crônica.

Conclusão

Quando os leucócitos estão aumentados damos o nome de leucocitose. Quando estão diminuídos chamamos de leucopenia. A leucocitose pode ser causada por uma linfocitose ou por uma neutrofilia, por exemplo. Já a leucopenia pode surgir devido a uma linfopenia ou neutropenia.

Quando notamos aumento ou redução dos valores dos leucócitos é importante ver qual das seis linhagens descritas anteriormente é a responsável por essa alteração. Como neutrófilos e linfócitos são os tipos mais comuns, estes geralmente são os responsáveis pelo aumento ou diminuição da concentração dos leucócitos.

Grandes elevações podem ocorrer nas leucemias, que nada mais é que o câncer dos leucócitos. Enquanto processos infecciosos podem elevar os leucócitos até 20.000-30.000 células/ml, na leucemia estes valores ultrapassam facilmente os 50.000 cel/ml (leia: LEUCEMIA | Sintomas e Tratamento).

As leucopenias normalmente ocorrem por lesões na medula óssea. Podem ser por quimioterapia, por drogas, por invasão de células cancerígenas ou por invasão por micro-organismos.

C- PLAQUETAS

As plaquetas são as células responsáveis pelo início do processo de coagulação. Quando um tecido de qualquer vaso sanguíneo é lesado, o organismo rapidamente encaminha as plaquetas ao local da lesão. As plaquetas se agrupam e formam um trombo, uma espécie de rolha ou tampão, que imediatamente estanca o sangramento. Graças à ação das plaquetas, o organismo tem tempo de reparar os tecido lesados sem que haja muita perda de sangue.

O valor normal das plaquetas varia entre 150.000 a 450.000 por microlitro (uL). Porém, até valores próximos de 50.000, o organismo não apresenta dificuldades em iniciar a coagulação.

Quando os valores se encontram abaixo das 10.000 plaquetas/uL há risco de morte uma vez que pode haver sangramentos espontâneos.

Trombocitopenia é como chamamos a redução da concentração de plaquetas no sangue. Trombocitose é o aumento.

A dosagem de plaquetas é importante antes de cirurgias e para avaliar quadro de sangramentos sem causa definida.

Considerações finais

Quando temos redução de duas das três linhagens de células do sangue, chamamos de bicitopenia. Quando os três tipos de células estão reduzidos, damos o nome de pancitopenia. Doenças que cursam com inflamação crônica, como o lúpus, por exemplo, podem se apresentar com redução de uma, duas ou das três linhagens (leia: LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO). Na verdade, qualquer agressão à medula óssea, seja por medicamentos, infecções ou doenças, pode causar diminuição da produção das células do sangue.

Não é preciso nenhuma preparação, nem estar em jejum, para se colher sangue para o hemograma.

O termo hemograma completo é apenas um preciosismo, já que não existe hemograma incompleto. Se o médico quiser apenas saber o valor do hematócrito e da hemoglobina, ele solicita um eritrograma. Se quiser ver apenas o valor dos leucócitos, é só pedir um leucograma. Se o alvo for apenas as plaquetas, solicita-se um plaquetograma. Quando se pede um hemograma, está implícito que o médico quer a avaliação das três linhagens (hemácias, leucócitos e plaquetas).

DOR NA BARRIGA

DOR NA BARRIGA | DOR ABDOMINAL

 

Principais causas

 A região abdominal é aquela que possui mais órgãos em nosso corpo, estando, portanto, sujeita a doer devido a uma enormidade de causas e doenças diferentes. A dor abdominal, chamada popularmente de dor na barriga, é muitas vezes um desafio para o médico dada a grande quantidade de diagnósticos diferenciais possíveis.  

Neste texto vamos abordar as principais causas de dores abdominais, explicando de modo simples como tentar distingui-las.


Órgãos abdominais e pélvicos

Todos os órgãos que se encontram dentro da cavidade abdominal e da cavidade pélvica são passíveis de causar dor na barriga. Algumas vezes, órgãos na cavidade torácica também podem causar dor abdominal.

Os órgãos dentro do abdômen (abdome) são:
- Fígado
- Vesícula biliar
- Vias biliares
- Pâncreas
- Baço
- Estômago
- Rins
- Supra renais
- Intestino delgado (Duodeno, jejuno e íleo)
- Apêndice
- Intestino grosso

Os órgãos dentro da pelve são:
- Ovários
- Trompas
- Útero
- Bexiga
- Próstata
- Reto e sigmoide (porção final do intestino grosso)

Vamos falar neste texto sobre algumas causas comuns de dor na barriga, não vou conseguir citar todas, mas já fiquem sabendo que qualquer doença em um dos órgãos citados acima pode causar dor abdominal/pélvica.
Nas ilustrações abaixo mostramos os dois modos de dividirmos anatomicamente o abdômen. Esta divisão serve para facilitar a descrição e interpretação do exame físico. Use essas ilustrações para acompanhar as explicações sobre as principais causas de dor abdominal que serão dadas mais adiante.

Regiões do abdomeRegiões do abdome
http://www.beebetter.com.br/elzalina69
Localização da dor abdominal

O tipo de inervação da maioria dos órgãos abdominais faz com que o cérebro tenha alguma dificuldade em localizar o ponto exato da dor. A maioria dos problemas nos órgão abdominais/pélvicos causam uma dor difusa ou ao redor do centro do abdômen. As exceções são os problemas nos rins, na vesícula, nos ovários ou no apêndice que costumam ser mais lateralizadas. Na ilustração abaixo é possível ver como os principais órgãos abdominais e pélvicos acabam por apresentar dores localizadas em regiões muito próximas umas das outras.
Principais dores abdominais
Dor abdominal - possíveis causas  (clique para ampliar)

Portanto, a localização da dor ajuda, mas não costuma ser suficiente para uma segura elaboração das hipóteses diagnósticas. Para além da localização também é importante avaliar outras características da dor, como tipo (queimação, cólica, pontada, pressão etc...), tempo de duração, intensidade, outros sintomas associados (vômitos, diarreia, febre, icterícia etc...), fatores agravantes ou desencadeadores, para onde a dor irradia etc...

Na maioria das vezes a dor abdominal não indica nenhuma doença séria. A maior parte dos casos são cólicas intestinais associados à alimentação gordurosa ou a intoxicações alimentares. As dores de barriga leves, de curta duração ou que desaparecem após algumas horas são normalmente causadas por dilatações do intestino por gases. Quadros de ansiedade também podem causar dor abdominal de curta duração, também por aumentar o conteúdo de gases nos intestinos.

A dor abdominal preocupante é aquela que dura várias horas, muitas vezes dias, que é de grande intensidade, incapacitante ou que está associada a vômitos ou febre.

Principais causas de dor abdominal

Vamos abordar de forma resumida as principais doenças que cursam com dor na barriga. Se você quiser mais detalhes sobre sintomas e tratamento de cada uma delas, clique no link disponibilizado para cada um dos textos.

1- Gastrite e úlcera péptica (leia: GASTRITE | ÚLCERA GÁSTRICA)

A gastrite, a úlcera de estômago ou a úlcera de duodeno normalmente se apresentam com sintomas semelhantes: uma dor em queimação na região superior do abdômen, principalmente no epigástrio. Esse tipo de dor na barriga é chamado de dispepsia e costuma surgir quando o estômago está vazio. A intensidade da dor é muito variável e não serve para distinguir a úlcera de uma simples gastrite.

A presença de sangue nas fezes ou vômitos com sangue associados a um quadro de dispepsia costumam indicar uma úlcera sangrante. Idosos com dispepsia e anemia sem causa aparente também devem ser investigados para úlceras.

Saiba mais sobre dispepsia lendo: SINTOMAS DO ESTÔMAGO | DISPEPSIA e SINTOMAS DE GASTRITE.

2- Colecistite e pedras na vesícula (leia: PEDRA NA VESÍCULA | COLECISTITE | Sintomas e tratamento)

A simples presença de pedras na vesícula, chamada de colelitíase, não costuma causar sintomas. A dor abdominal ocorre quando há uma obstrução do ducto de drenagem da vesícula biliar por uma dessas pedras. Se a obstrução for prolongada, surge a colecistite, inflamação da vesícula.

A dor da obstrução da vesícula é chamada de cólica biliar e costuma ser localizada no hipocôndrio direito e epigástrio; é tipicamente uma cólica que surge logo após a ingestão de alimentos gordurosos. A dor da cólica biliar pode irradiar-se para as costas e para o ombro direito.

A cólica biliar simples, sem colecistite, costuma surgir e ser mais forte nas primeiras 2 horas após a última refeição. Quando a dor surge junto com febre e vômitos, e não melhora com o passar das horas, normalmente é um indício da presença de uma colecistite.

3- Pancreatite aguda (leia: PANCREATITE CRÔNICA | PANCREATITE AGUDA)

A inflamação do pâncreas, chamada de pancreatite aguda, normalmente ocorre em pessoas que abusam de bebidas alcoólicas. A pancreatite aguda costuma surgir de 1 a 3 dias após uma quadro de grande ingestão de álcool, apresentando-se como uma intensa dor em toda região superior do abdômen, incluindo ambos hipocôndrios e epigástrio. A dor da pancreatite aguda dura vários dias, costuma estar acompanhada de vômitos e piora após a alimentação.

4- Hepatite aguda (leia: AS DIFERENÇAS ENTRE AS HEPATITES)

Hepatite é o termo usado para descrever a inflamação do fígado. As hepatites mais comuns são aquelas causadas pelos vírus A, B ou C, porém, podem surgir por várias outras causas, entre elas por intoxicação medicamentosa ou por álcool.

A hepatite aguda costuma causar uma dor mal definida no hipocôndrio direito e está geralmente associada a presença de icterícia (leia: ICTERÍCIA NO ADULTO | ICTERÍCIA NEONATAL).

5- Pedras nos rins (leia: CÁLCULO RENAL | PEDRA NOS RINS | Sintomas da cólica renal)

O cálculo renal costuma se manifestar como uma intensa dor na região lombar, unilateralmente. Frequentemente se irradia para o abdômen, principalmente nos flancos. Se a pedra estiver obstruindo o ureter já próximo a bexiga, a dor pode ser no hipogástrio ou na fossa ilíaca, irradiando-se para a região escrotal.

6- Apendicite (leia: APENDICITE | Sintomas e tratamento)

A dor da apendicite costuma ser em crescendo e inicia-se difusamente, principalmente ao redor do umbigo, indo se localizar no quadrante inferior direito do abdômen somente quando se torna mais intensa. É comum haver febre e vômitos associados.
7- Diverticulite (leia: DIVERTICULITE | DIVERTICULOSE | Sintomas tratamento)

Um divertículo é uma pequena bolsa que se forma na parede do intestino grosso (cólon), semelhante a um dedo de luva, normalmente em pessoas acima de 60 anos. A diverticulite é a inflamação de um divertículo.

A maioria dos divertículos que inflamam estão localizados na porção descendente do cólon, localizado à esquerda no abdômen. Em 70% dos casos a diverticulite se manisfesta como uma dor no quadrante inferior esquerdo do abdômen e em pessoas acima de 60 anos. A dor dura vários dias e costuma vir acompanhada de febre.

Quando ocorre inflamação de um divertículo na parte ascendente do intestino grosso (à direita), os sintomas são muito parecidos com os da apendicite.

8- Infecção intestinal e diarreia (DIARRÉIA | Causas, sinais de gravidade e tratamento)

As infecções intestinais, sejam por bactérias ou por vírus, são causas comuns de dor abdominal. A manifestação mais comum é cólica abdominal associado a diarreia.

9- Cólicas menstruais (dismenorreia) (CÓLICA MENSTRUAL | Sintomas e tratamento)

As cólicas menstruais ocorrem na porção inferior do abdômen, geralmente na linha média, mas podem irradiar-se para as costas e coxas. Sintomas como náuseas, suores, dor de cabeça, fezes amolecidas e tonturas podem estar associados.

Além das causas descritas acima, várias outras também podem causar dor abdominal ou pélvica, entre elas:
- Menstruação (leia: CICLO MENSTRUAL | PERÍODO FÉRTIL)
- Tumores dos órgãos abdominais ou pélvicos (leia: CÂNCER | Sintomas e tipos)
- Obstrução intestinal
- Infarto e isquemia intestinal
- Parasitoses (leia: VERMES | EXAME PARASITOLÓGICO DE FEZES)
- Aneurisma de aorta abdominal (leia: ANEURISMA | Causas e sintomas)
- Infecção urinária (leia: INFECÇÃO URINÁRIA | CISTITE | Sintomas e Tratamento)
- Hernias
- Cetoacidose diabética (leia: DIABETES MELLITUS | DIAGNÓSTICO E SINTOMAS)
- Doença de Crohn e retocolite ulcerativa (leia: DOENÇA DE CROHN | RETOCOLITE ULCERATIVA)
- Doenças do ovário
- Endometriose (leia: ENDOMETRIOSE | Sintomas e tratamento)
- Gravidez ectópica
- Mioma uterino (leia: MIOMA UTERINO | Sintomas, causas e tratamento)
- Abscesso hepático
- Anemia falciforme (leia: ANEMIA FALCIFORME | TRAÇO FALCIFORME)

Causas de dor abdominal originadas fora do abdômen

Algumas doenças de órgãos não localizados no abdômen/pelve podem se apresentar com dor abdominal. São manifestações atípicas destas doenças, mas que volta e meia são vistas na prática médica. Entre essas causas podemos citar:

- Infarto do miocárdio (leia: SINTOMAS DO INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO E ANGINA)
- Pneumonia (leia: PNEUMONIA | Sintomas e tratamento)
- Hérnia de hiato (HÉRNIA DE HIATO | Refluxo gastroesofágico)
- Derrame pleural (leia: DERRAME PLEURAL | Tratamento, sintomas e causas)

Peritonite

Os órgãos da cavidade abdominal não ficam soltos dentro da barriga, eles são envolvidos por uma membrana muito vascularizada e inervada chamada de peritônio. A peritonite, ou seja, a inflamação do peritônio é um quadro grave, pois significa que alguma infecção/inflamação abdominal se tornou extensa suficiente para acometer o peritônio. Como o peritônio é muito inervado, ele costuma doer muito quando inflamado, e como é muito vascularizado, facilita a propagação de bactérias da região abdominal para o resto do organismo, podendo levar a sepse (leia: O QUE É SEPSE E CHOQUE SÉPTICO?).

Os sintomas da peritonite são uma intensa dor abdominal difusa, associado a um enrijecimento da barriga causada pela contração involuntárias da musculatura abdominal. O paciente costuma apresentar aspecto de doente e normalmente há febre e vômitos associados. Uma característica da peritonite é haver intensa dor quando apertamos a barriga e a soltamos rapidamente. Ao contrário das outras causas de dor abdominal, quando a dor é maior durante a pressão com as mãos, na peritonite há mais dor quando se tira a mão rapidamente do que quando se está apertando a barriga.

A peritonite é uma complicação comum de várias doenças, como apendicite, diverticulite, perfurações de intestino ou estômago, colecistite etc... e deve ser tratada com cirurgia para remoção do órgão inflamado/infeccionado.

A presença de uma infecção/inflamação abdominal com peritonitte é chamado de abdômen agudo.