domingo, 22 de fevereiro de 2009

Messias

SABATAI TSEVI (1626-1676)
O Falso Messias Místico


Dc. Marcos Morgado

E surgiram as trevas...
Sabatai Tsevi nasceu em Smirna em 9 do mês hebraico Av, relembrando a destruição do Primeiro e Segundo Templos, em agosto de 1626. Vale notar a incrível coincidência (para deixar por menos) nas datas de nascimento e morte de Tsevi: ambos estão crivados do chamado “número da imperfeição” ou “número da incompletitude”, o algarismo 6. Juntando todos os números 6 das datas, teríamos “6666”. Os filhos nascidos no shabat recebiam o nome Sabatai, e 9 de Av de 1626 caiu justamente em um shabat. Por esta óbvia razão Tsevi recebeu este nome. Por ter nascido justamente no dia da destruição dos templos, ajustaram a ele uma tradição rabínica que afirmava ser a data do nascimento do messias a mesma da destruição. Pseudo-messias turco, obteve número considerável de seguidores por todo o mundo judaico, principalmente na Europa e Ásia. Seus discípulos denominavam a si mesmos “crentes”. Os que acreditavam em Tsevi pressionavam social e fisicamente aqueles que descriam de sua condição messiânica. Quando o falso messias vier, haverá também terrível oposição àqueles que não professarem aceitar o Anticristo como o ungido, o Cristo, o Messias. Revelou-se messias em maio de 1665. Estudou cabala quando jovem e tinha estranhos estados de êxtase. Ia para as “...montanhas e cavernas da Judéia onde... ouvia vozes dos túmulos” (Sholem, Gershom. Sabatai Tsevi, o Messias Místico I, p. 181). Era um homem místico. Alguns afirmavam que “não era possível mirar-lhe o rosto, pois era como olhar o fogo”. Aí apresenta-se a imitação de Moisés, que desceu do monte tendo suas faces resplandecendo (Ex 34:29). Também imita o olhar de fogo do Cristo glorificado, vislumbrado por João, que possuía “...os seus olhos como chama de fogo...” (Ap 1:14). Alguns informam que o corpo de Tsevi exalava um perfume agradável, e seus seguidores afirmavam ser o “cheiro do Jardim do Éden”. É dito a respeito dele que sua face brilhava (arremedo de Moisés). Na sinagoga os presentes tremiam por causa de sua aparência. Ali escolheu doze sábios para representar as doze tribos (arremedo de Jesus). Sabatai provocava manifestações espirituais estranhas e onde chegava, pessoas (incluindo crianças) lançavam-se ao chão, em desmaio e proferiam profecias. As massas extasiavam-se. Gershom Sholem (Op. cit., p. 252) cita De la Croix, pp. 290-92:
“Suas mulheres e crianças já haviam começado a profetizar. Muitas haviam caído no chão ao som do shofar, permanecendo imóveis, sem impulso e movimento, e uma voz extraordinária saía de suas bocas abertas, articulando palavras hebraicas, que eles próprios não entendiam, e, no final, exclamavam 'Sabatai Tzvi, nosso messias e nosso santo'.”
Chamar de “messias” e “santo” a este homem pervertor, que rebelou-se contra a Lei, negando as proibições, principalmente as que tocavam no incesto e na fornicação, pode ser qualquer coisa, menos obra do Espírito de Deus. Assinava suas cartas com “o primogênito” do Senhor (mais uma imitação de Cristo Jesus (Zc 10:12; Cl 1:15, 18; Hb 1:6; Ap 1:5; ) e com o blasfemo “Eu sou o Senhor, vosso Deus, Sabatai Tzvi”. Em contrapartida sua assinatura era uma serpente retorcida, símbolo evidente do mal. O título de sua preferência era, em hebraico, Meshiah Elohey Yaaqov, “o ungido do Deus de Jacó”. Aplicava a si mesmo os nomes de Deus, assim como a oração “Devemos louvar o Senhor acima de tudo... para estabelecer o mundo no reino do Onipotente”. No hebraico, “Onipotente” é Shaddai, título que arrogava possuir. O calendário foi reformulado, sendo acrescentado festas religiosas nos dias mais importantes da vida de Tsevi. Outras observações de datas e festas foram suprimidas. Desta forma Sabatai mudou os tempos e a própria Lei, quebrando estatutos e desconsiderando ordenanças. Isto o Anticristo também fará, pois “...cuidará em mudar os tempos e a lei...” (Dn 7:25). Havia mesmo hinários, onde louvavam a Deus por seu falso messias. Exaltavam o próprio Sabatai, com canções que enalteciam-no como o prometido, o ungido, o Messias. Um grão-rabino, como que a predizer o desastre iminente, vociferou: “...o primeiro a derrubá-lo merecerá o bem, pois ele conduzirá Israel ao pecado e fará uma nova religião”. (Citado por Sasportas, p. 9 in Gershom, op. cit.) Infelizmente não foi atendido nem escutado, e aquele carcinoma corroeu a vida, fé, os corpos e todos os pertences e ganhos de seus seguidores. Muitos judeus, espalhados pelo mundo todo, principalmente na Europa e na Ásia, ou mesmo Judéia, ao ouvir as novas a respeito de um pretenso messias na Palestina, alegraram-se demasiado em seu ardor messiânico, venderam seus pertences, fecharam seus comércios, deixando para trás toda suas vidas e rumaram ao encontro do falsário. Sem mais nada possuírem, tendo sua fé lograda, em profundo amargor, viram suas vidas totalmente destruídas, sem chances de reconquistá-la. Assim se deu com os que ousaram crer neste impostor, e se dará com os que o fizerem em relação ao Anticristo. Infelizmente, tudo isto novamente se dará, pois assim vaticina as Escrituras (Ap 13:3). Na ilustração maior, ao lado, encontramos o título do “Tikkun Keriah”, com uma gravura em cobre da coroação de Sabatai Tsevi. Observamos a empáfia que envolvia este personagem, pelos “anjos” vindo do céu trazendo a exclusiva coroa do Rei Messias, com o título Hateret Tzvi, “coroa de glória”, ou “coroa de Tsevi”. Uma luz ofuscante fulgura no céu, numa falsa aprovação divina à sua coroação. Já naquele tempo apresentava-se o Anticristo, em figura, por meio deste falso messias. Assim também se dará com o último falso messias, o anticristo. Ele desejará assentar-se no trono de Deus, no templo de Deus (Ez 28:2), “...no santuário de Deus, apresentando-se como Deus.” (2 Tss 2:4), assim como fez Sabatai. Na verdade quem já se encontra assentado no trono de Deus é o Senhor Jesus, o “...autor e consumador da nossa fé, o qual, pelo gozo que lhe está proposto, suportou a cruz, desprezando a ignomínia, e está assentado à direita do trono de Deus.” (Hb 12:2) Com um bastão de realeza ou cetro real, sobre um grande trono, Tsevi imitou o rei Salomão, tendo doze leões nas laterais da escada do trono, seis de cada lado. Aí vemos a presença do numero seis, por duas vezes, ou seja, o “66”. O que sabemos a respeito do trono de Salomão é que possuía doze leões de cada lado, sobre os seis degraus, não apenas seis (compare com 2 Cr 9:18,19). Salomão também tinha dois leões ao lado de cada braço de seu trono de marfim, recoberto de ouro puro, sobre os seis degraus e o seu estrado de ouro. Seria interessante notar que Salomão recebia a cada ano seiscentos e sessenta e seis talentos de ouro, e que fez paveses de ouro batido, cada qual com o peso de seiscentos ciclos. Há um número considerável de algarismos 6, formando uma tipologia numérica do falso Cristo que virá. Sabatai imita, portanto, o trono, a realeza, a riqueza, a majestade e glória do “filho de Davi”, título atribuído ao Messias (Mc 12:35), e cumprido perfeitamente em Jesus (Mt 1:1). A gravura apresenta uma grande coroa sobre o trono de Tsevi, com seus “sábios” à sua volta, na parte superior da ilustração. Este falso messias, de inspiração satânica, imita o verdadeiro Rei e Messias, Jesus Cristo, assentando-se inclusive com seus doze “discípulos” ou rabinos. Através desta farsa teriam enganado muitos judeus, que na ânsia de receber o Libertador de Israel, o verdadeiro Messias, foram logrados por este terrível embuste. Na parte inferior da gravura do Tikkun Keriah observamos os doze “discípulos” assentados à sua mesa e uma grande multidão o seguindo. Não passa de uma garnde imitação do Messias Jesus, que é o Rei dos reis, teve doze discípulos, assentou-se à mesa com eles (Mt 26:20), e uma multidão o seguia (Mt 12:2). O Senhor predisse a respeito dos falsos cristos e principalmente do próprio Falso Cristo, o Anticristo: “Eu vim em nome do Pai e não me aceitais; mas se outro vier em seu próprio nome, a esse aceitareis” (Jo 5:43). Referia-se ao Anticristo, mas sua profecia também se cumpriu neste Sabatai Tsevi, quando muitos judeus o aceitaram e seguiram.
“Descumprindo” profecias
Fatos curiosos se deram com Sabatai. Alguns para até mesmo forçar o cumprimento de profecias messiânicas. Enumeramos alguns:
1. Tsevi, antes de ir para Jerusalém esteve no Egito, onde era considerado pelos rabis e líderes judeus, sendo chamado de chelebi (do turco “senhor”). Lembramos da profecia, cumprida em Jesus (Mt 2:15) que dizia “...do Egito chamei a meu filho.” (Os 11:1)
2. Jerusalém é a cidade do Rei Messias (Mt 5:35). Ao entrar nela, os rabinos honraram a Sabatai e todos se curvaram diante dele. Em Gaza e em Jerusalém andava sobre um cavalo, com um homem à sua frente, como um arauto, à semelhança e imitação de Mordecai, o homem honrado por Deus, à vista de seus inimigos, no livro de Ester (Et 6:10). Em Jerusalém, formosa cidade do Messias, Jesus entrou em um humilde jumentinho (Mt 21:2-6), e isto em cumprimento à profecia messiânica de Zc 9:9: “Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que vem a ti o teu rei; ele é justo e traz a salvação; ele é humilde e vem montado sobre um jumento, sobre um jumentinho, filho de jumenta.” O Messias seria, apesar de grande Rei, justo e humilde, como foi Jesus, mas não Tsevi. Também o falso messias Sabatai Tsevi falhou no cumprimento desta profecia, por não ter entrado pelas portas de Jerusalém num “...jumentinho, filho de jumenta”, mas num cavalo e de manto verde. Mesmo assim, não por sua própria autoridade ou poder, mas sob permissão muçulmana. Sholem afirma que o verde “...simboliza o paraíso; a túnica verde simbolizaria, assim, a túnica da nova era.” (Sholem, Gershom. Op. Cit. p. 236) Uma nova era tendo um falso messias por líder? Isto já foi profetizado, a respeito do Anticristo (Ap 13) e o termo “nova era” não nos soa estranho.
3. Em Alepo, tendo sido recebido de forma honrosa, foi dito pelos rabinos de lá que quando Sabatai visitara a cidade a terra “resplandecia com sua glória”. Assim, de forma blasfema, fizeram-no semelhante ao Deus de Israel, pois assim diz o profeta: “E eis que a glória do Deus de Israel vinha do caminho do oriente; e a sua voz era como a voz de muitas águas, e a terra resplandecia com a glória dele.” (Ez 43:2) Mas, acertadamente, é dito a respeito de Jesus, o Cristo, que “...o povo que estava sentado em trevas viu uma grande luz...” (Mt 4:16); ao cumprir a profecia messiânica (Is 9:2). Isaías fala também que a terra está cheio da glória do Santo (Is 6:3), título que jamais poderia ser dada a homem tão blasfemo quanto Tsevi. Jesus é a glória de Israel (Lc 2:32), e nela virá (Lc 9:26), pois a recebeu do Pai e a tinha antes da fundação do mundo (Jo 17:24; 2 Pe 1:17); ele a manifestou em Caná (Jo 2:11), Pedro e os outros, despertando, a viram (Lc 9:32); como afirmou João (Jo 1;14). Aquele que foi crucificado era o Senhor da glória (1 Co 2:8; Tg 2:1), e não haveria outro (Is 42:8), o único “...coroado de glória e honra.” (Hb 2:9) Cristo Jesus, em verdade, postulou que “...quem fala por si mesmo busca a sua própria glória; mas o que busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro, e não há nele injustiça.” (Jo 7:18). Sabatai falava por si mesmo e buscava sua própria glória, portanto era falso e injusto, de acordo com o dito de Jesus, e encontrava-se destituído da glória de Deus, visto ser miserável pecador (Rm 3:23) nos ditos de Paulo. Portanto, a terra entenebrecia com sua infâmia, ao invés de “resplandecer com sua glória”.
4. De outra feita, Sabatai afirmou ter sido ungido pelos Patriarcas, após ter ouvido repetidas vezes, à noite, vozes a ordenar: “...não toque no meu ungido Sabatai Tsevi”, tentando encaixar-se em 1 Cr 16:22.
5. Sabatai falou ter Natan, seu falso profeta, desfalecido e que uma voz saía de sua boca predicando: “Depois de dois dias nos ressuscitará: ao terceiro dia nos levantará, e viveremos diante dele.” (Os 6:2) Esta profecia claramente aponta o verdadeiro Messias Jesus, que veio muito tempo antes de Tsevi, e cumpriu cabalmente esta predição, ressuscitando ao terceiro dia (Mt 16:21; 17:23; 20:19; Lc 13:32; 24:21; At 10:40), permitindo a nós vivermos diante dele, por toda a eternidade.
6. Sabatai teria dito: “Não há qualquer divisão, distinção ou separação entre mim e Ele”. É um claro arremedo das palavras de Jesus: “Eu e o Pai somos um.” (Jo 10:30). Sabatai não possui qualquer semelhança com o Pai, “...em quem não há mudança nem sombra de variação” (Tg 1:17), coisa que podemos observar por várias vezes na triste carreira de Tsevi, mas não em Cristo Jesus, que “...é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente.” (Hb 13:8)
7. Outra providência tomada a fim de imitar as escrituras foi seu casamento com Sara, de quem já conhecia a reputação de prostituta, para cumprir Os 1:2, onde é dito: “...toma por esposa uma mulher de prostituições, e filhos de prostituição; porque a terra se prostituiu, apartando-se do Senhor.” Há indicações de ter sido Sara uma mulher licenciosa e adúltera. Alguns a consideravam bruxa e prostituta. Há relatos afirmando que foi revelado, através de um anjo, que ela seria rainha e esposa do messias. Os próprios seguidores a tomavam por adivinha. Outros, por feiticeira. Sobre a verdadeira esposa (a igreja) do verdadeiro Messias (Jesus Cristo) diz as escrituras, a respeito de seu caráter imaculado: “Não vos prendais a um jugo desigual com os incrédulos; pois que sociedade tem a justiça com a injustiça? ou que comunhão tem a luz com as trevas? Que harmonia há entre Cristo e Belial? ou que parte tem o crente com o incrédulo?” (2 Co 14,15) Cristo não pode ter comunhão com trevas, injustiça e incredulidade. Ele tem comunhão com sua esposa, pois “...amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, a fim de a santificar, tendo-a purificado com a lavagem da água, pela palavra...” (Ef 5:25,26). Logo, esta esposa deve ser “...gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem qualquer coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.” (Ef 5:27). Cristo é o verdadeiro Messias, e sua esposa inteiramente pura e casta. Como poderia ser a perversa e abominável Sara a esposa do Messias? Somente o seria de um igualmente abominável charlatão. Ainda diz as Escrituras: “Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei pois os membros de Cristo, e os farei membros de uma meretriz? De modo nenhum. Ou não sabeis que o que se une à meretriz, faz-se um corpo com ela? Porque, como foi dito, os dois serão uma só carne. Mas, o que se une ao Senhor é um só espírito com ele.” (1 Co 6:15-17) Sabatai uniu-se à meretriz, fazendo “...um corpo com ela...”, ou seja, tornou-se impuro e profano, como jamais o Ungido do Senhor (1 Sm 2:10, 35), o Santo (Sl 16:10) poderia ser.

NATAN de GAZA
o falso profeta místico
Natan, portanto, conforme Solem, “tornou-se o precursor e arauto do messias, assim como o expoente ideológico e teológico da fé sabataísta... Natan foi, de uma só vez, o João Batista e o Paulo do novo messias. Fazendo-se de arauto e porta-estandarte do messias, Natan deu o impulso necessário e decisivo para a formação do movimento sabataísta.” (in: Sholem, Gershom. Op. cit., pp. 202, 203) Diz ter encontrado um “pseudo apocalipse”, onde se dizia: “Eis que um filho nascerá... e será chamado Sabatai Tzvi... e ele será o verdadeiro messias. Seu reino será estabelecido para sempre, e não haverá, além dele, outro redentor para Israel... Ele é meu amado, como a menina dos meus olhos e o fundo de meu coração.” (in: Sholem, Gershom. Op. cit.) Aí há uma verdadeira “salada” de partículas de profecias messiânicas tricotadas sem qualquer critério. Neste falso apocalipse, sobre Tsevi foi dito que “...fará prodígios e coisas espantosas e sofrerá voluntariamente o martírio para cumprir a vontade de seu Criador”. Ali teria também sido “revelado” o nome do Salvador e o ano de seu nascimento. Parece ter sido indicado por Elias a Natan, numa aparição. Podemos observar que Natan era o nome do profeta da corte de Davi que o encorajou a construir um templo ao Senhor, e posteriormente, da parte de Deus predisse que seu filho Salomão é que o faria (1 Sm 17:1-4). Natan de Gaza, por sua vez, encorajou a Sabatai a auto-proclamar-se o Messias. Portanto, Natan era o profeta de Tsevi. Em seu caso, um falso profeta de um falso Cristo. Em 1665 este falso profeta Natan de Gaza teve uma visão, que durou um dia inteiro, durante a qual permaneceu em transe, com os cabelos em pé e os joelhos batendo. Tendo um “anjo” lhe revelado que a Idade Messiânica estava perto de romper-se, e tendo lido numa suposta visão o nome de Sabatai gravada no “Trono da Glória”, entendeu que este era o Messias, pelo que o convenceu em suas pretensões messiânicas. Alegou mais tarde que um manuscrito antigo trazia seu nome como Messias. Difundiu sua propaganda a favor de Sabatai Tsevi, como o Messias prometido e proclamou o ano de 1666 como inicio da Idade Messiânica, que tanto era aguardada pelos judeus. Até nesse particular, um terrível impulso imitacionista leva à aproximação forçada com a profetizada pessoa do Falso Messias, o Anticristo. Um profeta com o mesmo nome (Natan) daquele que impulsionou o Rei Davi, tipo do verdadeiro Cristo, o Messias, influencia este Sabatai, que é mais um tipo histórico perfeito do Anticristo. Os crentes sabataístas consideravam este profeta espúrio como “Santa Lâmpada” ou mesmo MOHARAN, que era uma abreviação do título hebraico “nosso mestre, Rabi Natan”. Natan afirmava ter os céus enviado a ele alguns de seus anjos sagrados e espíritos abençoados, o que parece ter sido, na verdade, grandes seções espíritas. Certa vez, relatou como, em meio a longo jejum e em isolamento, “o espírito” pairou sobre ele, seus cabelos arrepiaram-se, os joelhos tremeram, tendo “visões de Deus”, sendo-lhe outorgada, em suas palavras “a verdadeira profecia, como a qualquer outro profeta, quando a voz me falou, e começou com as palavras: “Assim fala o Senhor”. Natan “impôs penitência a toda a congregação de Gaza, que todos obedeciam à suas instruções ascéticas com temor e tremor e que ele merecia ser chamado de um homem de Deus” (Sholem, Gershom. Op. cit. p.208) Pregava arrependimento, numa imitação a João Batista. Na gravura ao lado observamos Shabbatai e Natan recebendo e "abençoando" seus seguidores, que foram em grande número. Próximo à festa de Pentecostes, numa grosseira imitação ao cumprimento da profecia de Joel, o derramamento do Espírito Santo de Atos 2, na sua cidade natal, Gaza, em meio à congregação, enquanto hinos eram cantados, Natan desmaiou. Ainda assim dizia inexplicavelmente: “Escutai a Natan, meu amado, e façam conforme sua palavra. Escutai a Sabatai, meu amado.” Outra vez, durante os cânticos, Natan dançava em transe, despindo-se até desmaiar. Escutava “vozes celestes” e contatava “espíritos abençoados”. Recebia visitas de “almas do além” e dizia ter visões de colunas de fogo que lhe falavam, ou faces humanas. Seus sentidos o deixavam, ficando de olhos abertos, e avistava a imagem de Sabatai Tzvi gravada no Trono da Glória. Profetizava: “Assim diz o Senhor, contemplai, o vosso salvador está vindo, Sabatai é o seu nome. Ele clamará, lançará forte grito de guerra e triunfará contra os seus inimigos.” Natan podia conhecer profundamente os mistérios da cabala ou as profundezas do espiritismo judaico, mas nada das Escrituras Sagradas a respeito do verdadeiro Messias, do qual se diz: “Não clamará, não se exaltará, nem fará ouvir a sua voz na rua.” (Is 42:2) Esta profecia é aplicada a Jesus (Mt 12:19), que não desejava popularidade, algo intensamente procurado por Natan e seu falso messias. Parece haver uma contradição no versículo 13 do mesmo capítulo 42 de Isaías, que também é aplicável ao Messias, porém ali o Messias apresenta-se em glória, no seu retorno ou segunda vinda, como o valente contra seus inimigos. É esse versículo em especial que Natan usa em arremedo, referindo-se ao falso Sabatai. Natan, de forma falsa e blasfema perverteu multidões crédulas a apostatarem após tamanho embuste, a messianidade de Sabatai Tsevi. Agindo de tal forma assemelhou-se por demais ao falsário dos últimos tempos, o falso profeta, que levará multidões do mundo a seguir a apostasia após o terrível e diabólico Anticristo:
“...a esse iníquo cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás com todo o poder e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para serem salvos. E por isso Deus lhes envia a operação do erro, para que creiam na mentira; para que sejam julgados todos os que não creram na verdade, antes tiveram prazer na injustiça.” (2 Tss 2:9-12)
“Também exercia toda a autoridade da primeira besta na sua presença; e fazia que a terra e os que nela habitavam adorassem a primeira besta, cuja ferida mortal fora curada. E operava grandes sinais, de maneira que fazia até descer fogo do céu à terra, à vista dos homens; e, por meio dos sinais que lhe foi permitido fazer na presença da besta, enganava os que habitavam sobre a terra e lhes dizia que fizessem uma imagem à besta que recebera a ferida da espada e vivia. Foi-lhe concedido também dar fôlego à imagem da besta, para que a imagem da besta falasse, e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta...” (Ap 13;12-15).

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